Cognição

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  • É de contradições que se constitui a realidade. Não a compreendemos quando não observamos as contradições do mundo.
    Fonte: GA 293, p. 97. Obs. de VWS: Steiner refere-se às interpretações da realidade; nesse sentido, ele está indo contra a estrita aplicação da lógica aristotélica na explicação e no entendimento da realidade, como, por exemplo, o uso estrito do Princípio do Terceiro Excluído. Ele também quer dizer que, ao se explicar qualquer fenômeno, deve-se fazê-lo sempre de vários pontos de vista, o que pode levar a contradições aparentes (ver o próximo texto).

Sim, quem observa o mundo sem preconceito, sabe: com direcionamentos e com pontos de vista acontece que eles são precisamente isso: pontos de vista. Se eu tiver aqui uma árvore e a fotografo, dou aos senhores umretrato. O retrato é certamente formado daqui; o retrato tem uma aparência daqui, outra de lá, e os senhores poderiam dizer, se julgassem apenas a partir desse retrato: não se trata da mesma árvore. Assim há no mundo pontos de vista, concepções de mundo. Eles são sempre concebidos de um lado. Somente não se tornará um fanático, mas adequa-se à pluralidade, numa necessária universalidade, aquele que sabe que se deve observar as coisas dos lados mais diversos.

Ja, wer die Welt unbefangen betrachtet, der weiss: mit Richtungen und mit Standpunkten ist es eben so, dass es eben Standpunkte sind. Wenn ich einen Baum hier habe un ihn photographiere, gebe ich Ihnen ein Bild. Das Bild ist bestimmt gestaltet von hier; das Bild schaut anders aus von hier, das Bild schaut wieder anders von dort; während Sie sagen können: Das ist ja nicht derselbe Baum –, wenn Sie ihn nur nach dem einen Bilde beurteilen. So gibt es in der Welt Standpunkte, Weltanschauungen. Sie sind immer nur von der einen Seite aus gefasst. Nur derjenige wird nicht fanatisch, sondern lebt sich ein in Allseitigkeit, in eine Notwendige Universalität, der weiss, dass man die Dinge von den verschiedensten Seiten betrachten muss.

Fonte: GA 305, palestra de 25/8/1922, p. 179. Ênfase do original. Trad. VWS; rev. SALS.

O ser humano só vê claramente no mundo exterior,
O que ele pode irradiar com a luz de seu interior.

Der Mensch sieht nur das klar in der Aussenwelt,
Was er mit dem Lichte seines Inneren bestrahlen kann.

Fonte: GA 40, p. 196. Trad. VWS; rev. SALS.

Erguemos esse [um] muro divisório entre nós e o mundo tão logo a consciência desperta em nós. Mas nunca perdemos o sentimento de que, mesmo assim, pertencemos ao mundo, de que existe um vínculo que nos une a ele, e de que não somos um ente situado fora, porém dentro do universo.

Diese Scheidewand zwischen uns und der Welt errichten wir, sobald das Bewusstsein in uns aufleuchtet. Aber niemals verlieren wir das Gefühl, dass wir doch zur Welt gehören, dass ein Band besteht, das uns mit ihr verbindet, dass wir nicht ein Wesen außerhalb, sondern innerhalb des Universums sind.

(Novo – 18/2/11) Fonte: GA 4, cap. "O impulso fundamental para a ciência", p. 25. Retrad. VWS, rev. SALS.
  • Suponhamos que se faça a experiência seguinte: certo dia observa-se um fenômeno do mundo, perfeitamente acessível, isto é, que se possa observar completamente: por exemplo, a aparência do céu. Observam-se a configuração das nuvens, a maneira como o Sol desapareceu no poente etc. Faz-se então a imagem mental tão perfeita quanto possível do que se observou. Tenta-se conservar essa imagem o mais possível com todos os seus pormenores, esforçando-se por mantê-la fielmente com toda a sua nitidez até o dia seguinte. No dia seguinte, torna-se a observar, mais ou menos à mesma hora, ou mesmo em hora diferente, o tempo e a aparência do céu, e repete-se o esforço para formar uma imagem completa das observações feitas.
    Formando-se desse modo claras imagens mentais de aspectos sucessivos, perceber-se-á nitidamente que o pensamento se enriquece e interiormente se torna intenso, pois o que produz a ineficácia do pensamento é geralmente a inclinação muito forte de se deixarem de lado os pormenores dos fenômenos que se sucedem, guardando-se mentalmente apenas representações vagas e confusas. O que é essencial e precioso para tornar fecundo o pensamento é formar imagens precisas dos fenômenos sucessivos, e então dizer consigo: “Ontem as coisas eram assim, hoje são de outro modo.” As duas imagens, correspondentes a fenômenos distintos do mundo real, devem ressurgir ante o espírito com a maior nitidez, como se fossem quadros.
    Fonte: GA 108, pp. 20-21.
  • O raciocínio puramente intelectual e materialista compraz-se em acreditar que não se pode penetrar no âmago das coisas, senão por meio de conceitos abstratos; dificilmente admitirá que, para esse fim, as outras forças anímicas são pelo menos tão necessárias quanto o intelecto. Não se trata apenas de uma metáfora quando afirmamos poder-se compreender algo tanto com o sentimento e com as emoções, como por meio do intelecto. Os conceitos são apenas um dentre vários meios que conduzem à compreensão das coisas deste mundo. E apenas à mentalidade materialista parecem ser os únicos existentes. Existem naturalmente muitas pessoas que não se julgam materialistas, e que mesmo assim consideram conceituação racional a única espécie possível de compreensão. Tais indivíduos podem professar cosmovisões idealistas ou até espiritualistas, mas no fundo da alma sua atitude é materialista, já que o intelecto não deixa de ser o instrumento para compreender o material.
    Fonte: GA 34 (A), p. 28.

O nível mais elevado na vida individual é o pensar conceitual sem considerar um determinado conteúdo de percepção. [Nesse caso] Determinamos o conteúdo de um conceito por meio de pura intuição a partir da esfera ideal [das ideias]. Então, inicialmente, um tal conceito não possui uma relação com determinadas percepções. Quando penetramos na vontade sob a influência de um conceito que aponta para uma percepção, isto é, uma representação mental, então essa percepção nos determina pelo desvio feito por meio do pensamento conceitual. Quando agimos sob a influência de intuições, a mola propulsora de nossa ação é o pensar puro.

Die höchste Stufe des individuellen Lebens ist das begriffliche Denken ohne Rücksicht auf einen bestimmten Wahrnehmungsgehalt. Wir bestimmen den Inhalt eines Begriffes durch reine Intuition aus der ideelen Sphäre heraus. Ein solcher Begriff enthält dann zunächst keinen Bezug auf bestimmte Wahrnehmungen. Wenn wir unter dem Einflusse eines auf eine Wahrnehmung deutenden Begriffes, das ist einer Vorstellung, in das Wollen eintreten, so ist es diese Wahnehmung, die uns auf dem Umwege durch das begriffliche Denken bestimmt. Wenn wir unter dem Einflusse von Intuitionen handeln, so ist die Triebfeder unseres Handelns das reine Denken.

Fonte: GA 4, p. 115, cap. IX, Die Idee der Freiheit (“A ideia da liberdade”). Ênfase do autor. Trad. VWS; rev. SALS. Na ed. traduzida, p. 109.
  • No tocante a cada objeto exterior, estou certo de que de início ele oferece apenas seu lado externo aos meus sentidos; quanto ao pensamento, sei precisamente que o que ele me dirige é ao mesmo tempo sua totalidade, que ele penetra em minha consciência como um todo completo em si. As forças impulsionadoras externas, que sempre devemos pressupor no caso de um objeto dos sentidos, não existem no caso do pensamento. É a elas que devemos atribuir o fato de a manifestação aos sentidos se nos deparar como algo pronto; é a elas que devemos imputar a gênese dessa manifestação. No caso do pensamento, tenho certeza de que aquela gênese não é possível sem a minha atividade. Eu tenho de vivenciá-lo interiormente até em sua menor parte, para que ele tenha qualquer significado para mim.
    Fonte: GA 2, cap. “C. O pensar, 9. Pensar e consciência”, p. 48. Col. RYS.
  • De toda a atividade desta teoria do conhecimento se vê que em suas explicações trata-se de adquirir uma resposta à pergunta: o que é conhecimento? Para alcançar essa meta primeiramente é abordado, de um lado, o mundo da contemplação sensorial, e de outro a permeação pelo pensamento. E é demonstrado que na interpenetração de ambos manifesta-se a verdadeira realidade do ser sensorial. Com isso responde-se em princípio à pergunta "o que é conhecimento?". Essa resposta não se torna outra por se ampliar a pergunta à contemplação do espiritual. Por isso, o que se diz nesta obra sobre a essência do conhecimento também vale para a cognição dos mundo espirituais a que se relacionam minhas obras posteriores. Em sua manifestação, o mundo dos sentidos não é realidade para a contemplação humana. Tem sua realidade em conexão com o que se revela no ser humano sob forma de pensamentos. Estes pertencem à realidade do que se contempla sensorialmente; só que aquilo que é pensamento no ser sensorial não aparece fora, mas dentro do ser humano. Mas o pensamento e a percepção sensorial são um ser. Ao surgir no mundo contemplando sensorialmente, o ser humano separa o pensamento da realidade; mas este aparece em outro lugar: no interior da alma. Para o mundo objetivo, a separação entre percepção e pensamento não tem nenhuma relevância; ela só aparece porque o ser humano coloca-se na existência. Para ele surge a ilusão de o pensamento e a percepção sensorial serem uma dualidade. Não é diferente para com a contemplação espiritual. Quando esta surge como resultado dos processos anímicos descritos em minha obra posterior O Conhecimento dos Mundos Superiores[também Como se Adquirem Conhecimento dos Mundos Superiores], forma novamente um lado do ser - o espiritual - enquanto os pensamentos correspondentes do espiritual formam o outro. Só que aparece uma diferença, porque a percepção sensorial é, de certa forma, completada em realidadepara cima pelos pensamentos, em direção ao início do espiritual. Por outro lado, a visão espiritual é vivenciada em sua verdadeira entidade a partir desse início para baixo. Porém, não surge uma diferença de princípios pelo fato de a vivência da percepção sensorial acontecer pelos sentidos formados pela natureza, e a contemplação do espiritual acontecer por meio dos órgãos de percepção espiritual formados de maneira anímica. Em verdade, em minhas publicações posteriores não ocorre nenhum abandono da ideia de cognição elaborada nesta obra mas, sim, a aplicação desta ideia à experiência espiritual.
    (Novo – 5/3/11) Fonte: GA 2, cap. "Notas à edição alemã de 1924", p. 87. Rev. (sem cotejo com o original) VWS.

O pensar é o tradutor,
Que os gestos da vivência
Traduz para a linguagem da razão.

Das Denken ist der Dolmetsch,
Welcher die Gebärden der Erfahrung
In die Sprache der Vernunft übersetzt.

Fonte: GA 40, p. 208. Na p. 277 está anotado “Caderno de visitas da família Rietman, St. Gallen, 21/11/1909”. Trad. VWS.
  • Não há sentimento ou entusiasmo que possa comparar-se em ardor, beleza e elevação àqueles despertados pelos puros e cristalinos pensamentos referentes aos mundos superiores. Os sentimentos mais elevados são, justamente, não os que se instalam ‘por si’, mas os que são conquistados num enérgico labor do pensamento.
    Fonte: GA 9, cap. “A natureza do homem, II. A natureza anímica do homem”, p.33. Col. RYS.
  • Para qualquer pessoa que possui a faculdade de observar o pensar – e com boa vontade cada ser humano normalmente organizado a possui –, essa é a observação mais importante que ela pode fazer, pois observa algo que ela mesma engendra; não se vê diante de um objeto que lhe é estranho, mas sim diante de sua própria atividade. Sabe, portanto, como se origina o que observa. Discerne com clareza as relações e conexões. Encontrou-se, assim, um firme ponto de apoio no qual se pode basear a compreensão e a explicação das outras coisas.
    O sentimento de ter achado um tal ponto firme levou o inaugurador da filosofia moderna, Renatus Cartesius [Descartes], a fundamentar todo o saber humano na proposição: Penso, logo existo. Todas as outras coisas e todos os outros acontecimentos existem sem mim; não sei se existem como verdade ou como fantasia enganosa, ou bem como sonho. Só de uma coisa sei com segurança incondicional, visto que eu mesmo a levo à sua existência segura: meu pensar.
    Fonte: GA 4, cap. III “O pensar a serviço da compreensão do mundo”, pp. 37-8; ênfases do autor.
  • Quando se faz do pensar um objeto da observação, acrescenta-se ao conteúdo do mundo algo que normalmente escapa da atenção, mas não se altera a maneira como o ser humano se comporta diante das demais coisas. Aumenta-se o número de objetos da observação, mas não o método de observar - um processo que passa desapercebido. Há algo que se distingue de todos os demais processos, que não é levado em consideração. Porém, quando contemplo o meu pensar, então não existe esse elemento desapercebido. O que nesse caso paira no fundo nada mais é senão o pensar. O objeto observado é qualitativamente idêntico à atividade que a ele se dirige. E essa é outra peculiaridade do pensar. Quando fazemos dele um objeto de observação, não somos obrigados a fazê-lo por meio de algo qualitativamente diferente, mas podemos permanecer no mesmo elemento.
    Fonte: GA 4, cap. III “O pensar a serviço da compreensão do mundo”, pp. 38-9.
  • A astronomia moderna surgiu quando Copérnico começou a conceber as coisas existentes no espaço cósmico além da aparência sensível, e o mesmo aconteceu em todos os domínios da ciência. Por onde quer que a ciência se tenha tornado moderna, foi sempre contra as aparências sensíveis.
    Fonte: GA 15, p. 48.
  • [...] a manifestação aos sentidos e o pensar se defrontam na experiência. Aquela não nos fornece esclarecimento algum sobre sua própria essência; este nos esclarece simultaneamente sobre si mesmo e sobre a essência daquela manifestação aos sentidos.
    Fonte: GA 2, cap. “C. O pensar; 9. Pensar e consciência”, p. 49. Col. RYS.
  • [...] Se alguém com uma rica vida anímica vê milhares de coisas que para o pobre de espírito constituem um nada, isto é uma prova, tão clara quanto o Sol, de que o conteúdo da realidade é apenas o reflexo do conteúdo do nosso espírito, [...].
    Fonte: GA 2, cap. “D. A ciência; 11. Pensar e percepção”, p. 62. Col. RYS.
  • Nosso pensar tem uma dupla tarefa a cumprir: primeiramente, criar conceitos com contornos rigorosamente demarcados; em segundo lugar, reunir num todo unitário os conceitos isolados assim criados.
    Fonte: GA 2, cap. “D. A ciência; 12. Intelecto e razão”, p. 63. Col. RYS.
  • Esta diferenciação [o autor refere-se à classificação das espécies e subespécies encontradas na natureza] é o objeto do intelecto. Ele só tem de separar e fixar os conceitos na separação. Ele é uma etapa preliminar necessária a toda atividade científica superior. Antes de mais nada, são necessários conceitos bem determinados e claramente delineados antes que possamos procurar uma harmonia entre os mesmos. Contudo, não podemos deter-nos na separação. Para o intelecto estão separadas coisas cuja visão numa unidade harmônica é uma necessidade essencial da humanidade. [...].
    Fonte: GA 2, cap. “D. A ciência; 12. Intelecto e razão”, p. 64. Col. RYS.
  • Conceito é o pensamento isolado, tal qual é fixado pelo intelecto. Se eu levo vários desses pensamentos isolados a um fluxo vivo, de modo que eles se entrelacem, se liguem, surgem figuras pensamentais que existem somente para a razão e que o intelecto não pode alcançar. Para a razão, as criações do intelecto cessam de ter suas existências separadas e continuam a viver apenas como parte de uma totalidade. É a essas formações criadas pela razão que cabe chamar de ideias.
    Fonte: GA 2, cap. “D. A ciência; 12. Intelecto e razão”, pp. 65-66. Ênfase do autor. Col. RYS.
  • [...] o mundo das ideias é um mundo determinado por si mesmo. [...]. A mente percebe [...] o cabedal de pensamentos do mundo, tal qual um órgão de percepção. Só existe um conteúdo pensamental do mundo. Nossa consciência não é a faculdade de produzir e guardar pensamentos, como tão frequentemente se crê, e sim de perceber os pensamentos (ideias).
    Fonte: GA 2, cap. “D. A ciência; 13. O processo cognitivo”, pp.70-71. Col. RYS.

Eu não creio, e digo-o francamente, que não pode chegar a um conhecimento verdadeiramente científico-espiritual aquele que, no sentido estrito da palavra, não tiver obtido uma disciplina científica, não aprendeu a pesquisar e pensar nos laboratórios e por meio do método da nova ciência natural."

Ich glaube deshalb auch nicht und sage das ganz unumwunden, daß zu einem wirklichen geisteswissenschaftlichen Erkennen derjenige kommen kann, der nicht im strengen Sinne des Wortes eine naturwissenschaftliche Disziplin sich erworben hat, der nicht forschen und denken gelernt hat in den Laboratorien und durch die Methode der neueren Naturwissenschaft.

(Novo – 23/3/11) Fonte: GA 322, palestra de 29/9/1920, p.32 . Trad. VWS.

Nunca fale sobre os limites do conhecimento humano,
Mas somente sobre o limite de seu próprio conhecimento.

Sprich nie von Grenzen der menschlichen Erkenntnis,
Sondern nur von den Grenzen der Deinen.

Fonte: GA 40, p. 191. Na p. 296 está anotado “Dedicatória em um livro”. Trad. VWS; rev. SALS.
  • Nosso pensar nos une ao mundo; nosso sentir nos reconduz a nós próprios, fazendo de nós um ser individual. Se fôssemos apenas seres pensantes e dotados de percepção, a nossa vida transcorreria numa indiferença total. Se apenas nos reconhecêssemos como Eu, nosso Eu nos seria completamente indiferente. Apenas porque, além de reconhecer a nós mesmos, sentimos também o nosso ser, somos entes individuais, cuja existência não se esgota em estabelecer relações conceituais entre as coisas, mas possui também um valor particular em si mesma.
    Fonte: GA 4, cap. VI “A individualidade humana”, p. 80 (ênfase do autor).
  • Nossa vida é uma constante oscilação entre a convivência com o devir universal e o nosso ser individual. Quanto mais ascendemos à natureza universal do pensar, em que o que é individual só interessa como exemplo do conceito geral, tanto mais se perde em nós o caráter do ser especial, da personalidade determinada e particular. E quanto mais descemos às profundezas de nossa vida pessoal, vibrando em sentimentos com as coisas externas, tanto mais nos separamos do ser universal. Uma verdadeira individualidade será aquela que com seus sentimentos se elevará o máximo possível à região das idéias. Existem pessoas cujas ideias mais gerais ainda apresentam aquele timbre especial que mostra que são a expressão de uma personalidade. Existem outras cujos conceitos são tão desprovidos de um timbre peculiar, que parecem ser de alguém sem vida própria. [...] Uma vida sentimental esvaziada de pensamentos perderia aos poucos toda sua relação com o mundo. O desenvolvimento da vida cognitiva ocorrerá no ser humano em busca da personalidade equilibrada, juntamente com a formação e o desenvolvimento da vida dos sentimentos.
    Fonte: GA 4, cap. VI “A individualidade humana”, pp. 80-81.
  • Precisamos sentir a concatenação das lembranças para nos reconhecermos como seres humanos dotados de alma. [...] O que seria de nós se não pudéssemos ligar as novas impressões que nos atingem com tudo aquilo que lembramos? [...] Grande parte da educação repousa sobre a possibilidade de encontrar a forma mais efetiva de ligar o novo que devemos oferecer aos jovens, ao que podemos evocar do tesouro de suas lembranças. Resumindo, sempre que se trata de conduzir o mundo exterior ao anímico, de despertar o anímico para que ele sinta e experimente interiormente a própria existência, tudo isso, enfim, refere-se à memória. Devemos concluir que a memória representa a parte mais importante e mais ampla da vida interior do ser humano durante a existência terrestre.
    Fonte: GA 234, palestra de 10/2/1924, pp. 163-4.

Quem reflete e repara, mesmo que só um pouco, no processo que vivencia em sua alma quando se aproxima de qualquer tipo de conhecimento, poderá experimentar em si próprio que um caminho saudável para o conhecimento sempre tem seu ponto de partida na admiração, na surpresa sobre algo. Essa admiração, essa surpresa da qual tem de começar todo processo cognitivo, pertence justamente àquelas vivências anímicas que temos de considerar como as que trazem nobreza e vida ao que é sóbrio. Pois, o que seria qualquer conhecimento instalado em nossa alma, que não partisse da admiração? Seria, na verdade, um conhecimento totalmente imerso em sobriedade e pedantismo. Somente o processo que se passa na alma e que transcende a surpresa, partindo dela e conduzindo à felicidade alcançada pela solução dos enigmas, constitui o aspecto nobre e intimamente vivo do processo cognitivo. Em realidade, dever-se-ia sentir o elemento seco e ressecante de um conhecimento não emoldurado por esses dois movimentos da alma. O conhecimento sadio está emoldurado por admiração e felicidade diante do enigma solucionado.

Wer nur ein wenig reflektiert und acht gibt den ganzen Vorgang in Erleben seiner Seele, wie er sich nähert irgendein Wissen, der wird schon an sich selbst erfahren können, dass ein gesunder Weg zum Wissen immer seinen Ausgangspunkt findet von dem Staunen, von der Verwunderung über irgend etwas. Dieses Staunen, diese Verwunderung, von der jeder Wissensprozess auszugehen hat, gehört geradezu zu jenen seelischen Erlebnissen, die wir bezeichnen müssen als diejenigen, welche in alles Nüchterne Hoheit und Leben hineinzubringen. Denn was wäre irgeindein Wissen, das in unserer Seele Platz greift, das nicht ausginge von dem Staunen? Es wäre wahrhaftig ein Wissen, das ganz eingetaucht sein müsste in Nüchternheit, in Pedanterie. Allein jener Prozess, der sich abspielt in der Seele, der von der Verwunderung hinführt zu der Beseligung, die wir empfangen von dem gelösten Rätseln, und der sich zuerst über der Verwunderung erhoben hat, macht das Hoheitsvolle und das innerlich Lebendige des Wissensprozesses aus. Man sollte eigentlich fühlen das Trockene und Vertrockene eines Wissens, das nicht von diesen beiden Gemütsbewegung sozusagen eingesäumt ist. Eingerahmt von Staunen und von Beseligung über das gelöste Rätsel ist das gesunde Wissen.

Fonte: GA 132, palestra de 5/12/1911, p. 82. Trad. SALS; rev. VWS.

 

Dança da paz

Germinam desejos da alma
Crescem ações do querer
Amadurecem frutos da vida.

Eu sinto meu destino,
Meu destino me encontra.
Eu sinto minha estrela,
Minha estrela me encontra.
Eu sinto minhas metas,
Minhas metas me encontram.

Minha alma e o mundo são somente um.

A vida, fica mais clara ao meu redor,
A vida, fica mais difícil para mim,
A vida, fica mais rica em mim.

Aspire a paz,
Viva em paz,
Ame a paz.

Friedenstanz

Es keimen der Seele Wünsche,
Es wachsen des Willens Taten,
Es reifen des Lebens Früchte.

Ich fühle mein Schicksal,
Mein Schicksal findet mich.
Ich fühle meinen Stern,
Mein Steirn findet mich.
Ich fühle meine Ziele,
Meine Ziele finden mich.

Meine Seele und die Welt sind Eines nur.

Das Leben, es wird heller um mich,
Das Leben, es wird schwerer für mich,
Das Leben, es wird reicher in mir.

Strebe nach Frieden,
Lebe in Frieden,
Liebe den Frieden.

Fonte: GA 40, p. 174. Ver também ZA 10, p. 139 e HH 98, p. 27. Trad. VWS; rev. SALS.
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