Em realidade, na escola não devemos aprender para saber, mas devemos aprender para sempre podermos aprender com a vida. | Wir müssen eigentlich in der Schule nicht lernen, damit wir es können, sondern wir müssen eigentlich in der Schule lernen, damit wir vom Leben immer lernen können. | |
Fonte: GA 305, palestra de 16/8/1922, p. 22. Trad. VWS; rev. SALS. |
Não há, basicamente, em nenhum nível, uma outra educação que não seja a auto-educação. [...] Toda educação é auto-educação e nós, como professores e educadores, somos, em realidade, apenas o entorno da criança educando-se a si própria. Devemos criar o mais propício ambiente para que a criança eduque-se junto a nós, da maneira como ela precisa educar-se por meio de seu destino interior. | Es gibt im grunde genommen auf keiner Stufe eine andere Erziehung als Selbsterziehung. [...] Jede Erziehung ist Selbsterziehung und wir sind eigentlich als Lehrer und Erzieher nur die Umgebung des sich selbst erziehenden Kindes. Wir müssen die günstigste Umgebung abgeben, damit das Kind an uns sich so erzieht wie es sich durch sein inneres Schicksal erziehen muss. | |
Fonte: GA 306, palestra de 20/4/1923. Trad. VWS. |
Não se deve dizer a si próprio: você deve derramar isto ou aquilo na alma da criança. Mas deve-se ter veneração frente ao seu espírito. Você não consegue desenvolver esse espírito; ele desenvolve-se por si próprio. Compete a você afastar os obstáculos para o seu desenvolvimento, e trazer-lhe aquilo que lhe permite desenvolver-se. Você consegue afastar os obstáculos físicos e também um pouco os anímicos. Aquilo que o espírito deve aprender, ele o aprende devido ao fato de você lhe afastar esses obstáculos. Pela vida o espírito também já se desenvolve na juventude mais tenra. Mas sua vida é aquilo que o educador desenvolve em seu ambiente. | Man soll sich nicht sagen: du sollst dies oder jenes in die Kinderseele hineingiessen, sondern du sollst Ehrfurcht vor seinem Geiste haben. Diesen Geist kannst du nicht entwickeln, er entwickelt sich selber. Dir obliegt es, ihm die Hindernisse seiner Entwickelung hinwegzuräumen, und das an ihn heranzubringen, das ihn veanlasst, sich zu entwickeln. Du kannst dem Geist die Hindernisse wegräumen im Physischen und auch noch ein wenig im Seelischen. Was der Geist lernen soll, das lernt er dadurch, dass du ihm diese Hindernisse wegnimmst. Der Geist entwickelt sich auch in allerfrühester Jugend schon am Leben. Aber sein Leben ist dasjenige, das man als Erzieher in seiner Umgebung enfaltet. | |
Fonte: GA 305, palestra de 19/8/1922, p. 74. Trad. VWS; rev. SALS. A esse trecho segue-se imediatamente o citado abaixo, “A tarefa do educador é ter ...” |
Deve-se poder educar de tal modo que se removam os obstáculos físicos e anímicos para aquilo que, a partir de uma ordem divina, penetra nas crianças como novidade em cada época no mundo, e que se crie para o aluno um ambiente por meio do qual seu espírito possa adentrar na vida em completa liberdade. As três regras de ouro da arte de educar e de lecionar que, em cada professor, em cada educador, devem ser disposição total, impulso total para o trabalho, que não podem ser concebidas simplesmente de maneira intelectual, mas devem ser apreendidas a partir do ser humano global, devem ser: [1] Gratidão religiosa frente ao cosmo que se manifesta na criança, [2] unida à consciência de que a criança representa um enigma divino, que se deve solucionar mediante a arte de ensinar. [3] Praticar com amor um método de ensino pelo qual a criança se educa instintivamente junto a nós, de modo que não se ameace a sua liberdade, que deve ser considerada também onde se encontra o elemento inconsciente da força orgânica de crescimento. |
Man muß so erziehen können, daß man für dasjenige, was aus einer göttlichen Weltordnung neu in jedem Zeitalter in den Kindern in die Welt hereintritt, die physischen und seelischen Hindernisse wegräumt, und dem Zögling eine Umgebung schafft, durch die sein Geist in voller Freiheit in das Leben eintreten kann. |
|
(Novo – 20/2/11: inserção do primeiro parágrafo) Fonte: GA 305, palestra de 19/8/1922, p. 75. Trad. e enumeração das regras de VWS; rev. SALS. |
Permitam-me dizer algo bastante herético: adora-se dar bonecas na mão das crianças, especialmente bonecas “lindas”. Não se nota que as crianças em realidade não querem isso. Elas as rejeitam, mas elas são impingidas. Lindas bonecas, pintadas! Muito melhor é dar às crianças um lenço ou, quando é pena estragar um, dar outra coisa; ajeita-se [um pano] faz-se aqui uma cabeça, pinta-se um nariz, dois olhos etc., e com isso crianças sadias brincam com muito mais gosto de que com bonecas “lindas”, pois a boneca configurada o mais bonito possível, até com bochechas vermelhas, não deixa sobrar nada para a fantasia. A criança resseca interiormente com a boneca linda. |
Gestatten Sie mir, etwas recht Ketzerisches zu sagen: man liebt ja, den Kindern Puppen in die Hand zu geben, ganz besonders “schöne” Puppen. Man merkt nicht, dass die Kinder das eingentlich nicht wollen. Sie weisen es zurück, aber man drängt es ihnen auf. Schöne Puppen, schön angestrichene! Viel besser ist es, den Kindern ein Taschentuch zu geben, oder wenn ein Taschentuch zu schade ist, irgend etwas anderes; man macht die Sache zusammen, macht hier einen Kopf, malt eine Nase, zwei Augen und so weiter und damit spielen gesunde Kinder viel lieber als mit “schönen” Puppen, wiel die Puppe möglichst schön gestaltet ist, mit roten Wangen sogar, für die Phantasie nichts übrig bleibt. Das kind verödet innerlich neben der schönen Puppe. |
|
Fonte: GA 305, palestra de 23/8/1922, p. 139. Trad. VWS; rev. SALS. Ver observação no texto anterior. |
O julgamento moral não deve ser inoculado na criança. Deve-se prepará-lo de tal modo que, quando a criança, com a maturidade sexual, desperta para a força completa do julgamento, consegue, pela observação da vida, formar por si própria o julgamento moral. A pior forma de atingi-lo é transmitir à criança uma ordem pronta. Atinge-se-o, no entanto, quando se atua por meio de um exemplo ou colocam-se exemplos diante dela. Deve-se dar à criança imagens para o bem por meio de narrativas de pessoas que foram ou são boas, ou por elaboração de pessoas boas adequada à fantasia. [...] Não se apela ao intelecto, mas à simpatia para com o bem e à antipatia para com o mal que, sob forma de imagem surgem diante da alma da criança. Assim a alma é preparada de tal maneira que, posteriormente, o julgamento pelo sentimento possa amadurecer na idade correta como julgamento intelectual. Não se trata de transmitir o “você deve”, porém de despertar um julgamento estético na criança, de modo que o bem lhe agrade, tenha simpatia para com ele, e tenha desagrado, antipatia, para com o mal, quando seu sentir é defrontado com fatos morais. | Das moralische Urteil soll man dem Kinde nicht einimpfen. Man soll es so vorbereiten, dass das Kind, wenn es mit der Geschlechtsreife zur vollen Urteilskraft erwacht, an der Beobachtung des Lebens sich selber das moralische Urteil bilden kann. Das erreicht man am wenigsten, wenn man das fertige Gebot dem Kinde übermittelt. Man erreicht es aber, wenn man durch das Vorbild oder das Vor-Augen-Stellen von Vorbildern wirkt. Man gebe dem Kinde durch die Schilderung solcher Menschen, die gut gewesen sind oder gut sind, oder durch phantasiegemäss ausgestaltete gute Menschen Bilder für das Gute. [...] Es wird nicht an den Intellekt appelliert, sondenrn an die Sympathie mit dem Guten, das im Bilde dem Kinde vor die Seele tritt, und an die Antipathie gegenüber dem Bösen. Dadurch wird die Seele so vorbereitet, dass das Gefühlsurteil später zum intellektuellen Urteil im rechten Alter ausreifen kann. Nicht auf die Vermittlung des “Du sollst” kommt es an, sondern darauf, dass man in dem Kinde ein ästhetisches Urteil hervorrruft, so dass ihm das Gute gafällt, es mit ihm Sympathie hat, und dass es Missfallen, Antipathie gegenüber dem Bösen hat, wenn sein Empfinden den moralischen Tatsachen gegenübersteht. | |
Fonte: GA 305, palestra de 19/8/1922, pp. 68-69. Trad. VWS; rev. SALS. |
O professor necessita de uma ciência a partir da qual ele ainda possa amar seres humanos, pois ele deve primeiramente amar seu próprio saber, seu próprio conhecimento. Um profundo sentido oculta-se por detrás do fato de que antigamente não se falava de um simples conhecimento como aquilo que o ser humano devia conquistar, mas de uma filo-sofia, do amor à sabedoria. Isto é o que a Antroposofia quer devolver novamente aos seres humanos, aproximar o conhecimento novamente do ser humano. |
Der Lehrer braucht eine Wissenschaft, aus der heraus er Menschen noch lieben kann, weil er zuerst sein eigenes Wissen, seine eigene Erkenntnis lieben soll. Es steckt ein tiefer Sinn dahinter, dass ursprunglich einmal man nicht gesprochen hat von blosser Erkenntnis als demjenigen das sich der Mensch erringen soll, sondern von Philo-Sophie, von der Liebe zur Weisheit. Das ist dasjenige, was Anthroposophie den Menschen wiederum zurückgeben will, wiederum die Erkenntnis an den Menschen heranzuführen. |
|
Fonte: GA 305, palestra de 25/8/1922, pp. 179-80. Trad. VWS; rev. SALS. |
Da troca dos dentes até a puberdade não há nada que atue para o interior da criança, que o educador não traga a partir do amor para com o próprio ato de ensinar. O que, como educador, se executa com amor é sentido pela criança nessa idade como algo que ela deve se apoderar, para se tornar um ser humano. |
Vom Zahnwechsel bis zur Geschlechtsreife ist nichts in das Kind hinein wirksam, das nicht beim Erziehenden getragen ist von der Liebe zur Erziehungstat selber. Was man in Liebe als Erzieher ausführt, das wird von dem Kinde in diesem Lebensalter als etwas empfunden, das es sich aneignen muss, um ein Mensch zu sein. |
|
Fonte: GA 305, palestra de 19/8/1922, p. 73. Trad. VWS; rev. SALS. |
A tarefa do educador é ter a maior abnegação possível. Ele deve viver no ambiente da criança de tal modo que o espírito desta possa desenvolver, em atitude de simpatia, sua própria vida ao lado da vida do educador. Nunca se deve querer tornar as crianças uma imagem de si próprio. Aquilo que havia no próprio educador não deve continuar a viver nelas como coação, como tirania, nem mesmo quando elas terão crescido para além da idade escolar e da educação. |
Die allergrösste Selbstverleugnung ist Aufgabe des Erziehers. Er muss in der Umgebung des Kinde so leben, dass der Kindesgeist in Sympathie das eigene Leben an dem Leben des Erziehers enfalten kann. Man darf niemals die Kinder zu einem Abbild von sich selbst machen wollen. Es soll in ihnen nicht fortleben in Zwang, in Tyrannei dasjenige, was in dem Erzieher selbst war, noch in derjenigen Zeit, in denen sie hinausgewachsen sind über Schule und Erziehung. |
|
Fonte: GA 305, palestra de 19/8/1922, p. 74. Trad. VWS; rev. SALS. Esse trecho segue-se imediatamente depois do citado acima, “Não se deve dizer a si próprio ...” |
Se respeitarmos as três regras básicas: conceitos sobrecarregam a memória; o aspecto artístico contemplativo [das coisas] forma a memória; o esforço e exercício da vontade fixam a memória –, teremos as três regras de ouro para o desenvolvimento da memória. |
Wenn wir die drei Grundsätze festhalten: Begriffe belasten das Gedächtnis; Anschaulich-Künstlerisches bildet das Gedächtnis; Willensanstrengung, Willensbetätigung befestigt das Gedächtnis –, dann haben wir die drei goldenen Regeln für die Gedächtnisentwickelung. |
|
Fonte: GA 307, palestra de 16/8/1923, p. 212. Trad. VWS; rev. SALS. Steiner refere-se à criança durante o ensino fundamental. |
Deve-se ter um sentimento, uma sensação, de que com a idade de 14, 15 anos têm-se novas crianças diante de si, não as mesmas que se tinham antes. [*] A transformação completa-se relativamente rápido para um ou para outro indivíduo. Assim, pode ocorrer que o professor, que permanece dormente e não tem nenhum sentido para a transformação que fazem os jovens que lhe são confiados, perde a oportunidade de perceber essa transformação, de modo que muitas vezes não vê que, repentinamente, tem um novo ser humano diante de si. |
Man muss ein Gefühl dafür haben, eine Empfindung, dass man mit dem 14., 15. Jahre ganz neue Menschenkinder vor sich hat, nicht dieselben, die man früher hatte. Und verhältnismässig sehr rasch vollzieht sich für das eine und für das andere Individuum die Umwandelung, so dass es sein kann, dass der Lehrer, der da schläft und keinen Sinn hat für die Umwandelung, die die Menschen, die ihm anvertraut sind, neben ihm durchmachen, diese Umwandelung eben verschläft, dass er nich sieht, wie er oftmals plötzlich vor einem neuen Menschenwesen steht. |
|
Fonte: GA 305, palestra de 25/8/1922, p. 168. Trad. VWS; rev. SALS. [*] N. do T. Steiner dá um exemplo a esse respeito: é como se de repente o Sol não nascesse de manhã, isto é, acontece o absolutamente inesperado. |
A querida luz do Sol Ilumina-me o dia. A força espiritual da alma Dá força aos membros; Em brilho de luz do Sol Venero, ó Deus, A força humana, que Tu Em minha alma para mim Tão bondoso plantaste, Para que eu possa ser laborioso E desejoso de aprender. De Ti provém luz e força, Para ti flui amor e gratidão. |
Der Sonne liebes Licht |
|
Fonte: GA 40, p. 244. Na p. 279 está anotado “Para as 4 primeiras séries da Escola Waldorf Livre de Stuttgart 1919”. Ritmos assinalados: 1ª parte iambo/anapesto; 2ª parte: iambo. Trad. VWS. Esse verso é falado pelos alunos de cada uma daquelas classes das escolas Waldorf do mundo inteiro, no início das aulas pela manhã. |
(1) Eu contemplo o mundo, Onde o Sol reluz, Onde as estrelas cintilam, Onde as pedras jazem, As plantas vivendo crescem, Os animais, sentindo, vivem, No qual o ser humano com alma Dá morada ao espírito; Eu contemplo a alma, Que vive para mim no íntimo. O espírito de Deus tece Na luz do Sol e da alma, No espaço, no exterior, Nas profundezas da alma, no interior. – A Ti, ó espírito de Deus, Quero dirigir-me suplicando, Que força e bênção Para o estudar e para o trabalho Cresçam (2) em meu interior. |
|
(4) |
|
Fonte: GA 40, p. 245; na p. 288 está anotado “Para as classes superiores [provavelmente querendo indicar da 9ª série até a 12ª, o fim do ensino médio] da Escola Waldorf Livre, Stuttgart, 1919”. (1) Trad. VWS. (2) O original, “wachse”, está no singular. (3) Como no fac-simile do manuscrito original; no GA 40 está “Will bittend ich mich wenden”. (4) Versão de Ruth Salles, col. Maria Aparecida Franco. Esse verso é falado pelos alunos de cada classe das escolas Waldorf do mundo inteiro, no início das aulas pela manhã. |