Geometria, forma e proporção áurea na Arquitetura

Dissertação de Mestrado, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2003
Ennio Possebon

ESTRUTURA

Introdução, I. Origens da Geometria, II. Simetrias,III. A proporção áurea, IV. O modulor, V. Análises geométricas, VI. Geometria e processo criador.

PALAVRAS-CHAVE

Geometria, forma, proporção, proporção áurea, simetria, comodulação, arquitetura.

RESUMO

A Antroposofia inspira e permeia as intenções deste trabalho ainda que ele não se proponha a fazer afirmações diretas de seus conteúdos. As aspirações e insinuações de novos caminhos que esta dissertação apresenta para o ensino da Geometria indicam na mesma direção almejada pela pedagogia Waldorf e pela Antroposofia (a importância do estudo da Geometria para o desenvolvimento do pensar). E a grande contribuição de Rudolf Steiner para a História da Arquitetura, o primeiro Goetheanum, é contemplada numa tentativa de reconhecimento das estruturas geométricas subjacentes à sua arquitetura orgânica, numa análise de vinte e quatro páginas.

Entendemos que Geometria é para a Arquitetura seu elemento ordenador essencial. E, como estruturadora da forma arquitetônica, ela pode dispor padrões organizacionais subjacentes, nem sempre explícitos, que orientam o desenvolvimento da forma. Este íntimo inter-relacionamente da Arquitetura com a Geometria é examinado através de vários exemplos históricos, na maioria dos quais a Proporção Áurea é observada, e sobre este aspecto incide o foco da pesquisa (tal é o caso na análise geométrica do primeiro Goetheanum).

Também são revistos antigos conceitos, como "analogia" e "symmetria". E no todo, é enfatizada a importância do estudo da Geometria, de sua revalorização e da sua dinâmica processual no projeto de Arquitetura. O trabalho analisa este aspecto do ensino e insinua um redirecionamento. As práticas pedagógicas contemporâneas, principalmente no ensino fundamental e médio, têm negligenciado o estudo da geometria e do desenho geométrico. E, no ensino superior, em conseqüência de práticas inadequadas, o inter-relacionamento da Gemetria com a Arquitetura, na sua plenitude, é perdido de vista. O “geometrizar” no projeto passa a acontecer num plano inconsciente, e o uso dos dispositivos promovidos pela informática vem colaborar para tal. Ao mesmo tempo que subtraem do desenhista a ampla possibilidade de um geometrizar contemplativo, que pode ser mais bem promovido pelas ferramentas tradicionais do desenho geométrico como a régua e o compasso, dispensam e impedem também uma desenvoltura do pensamento lógico, da conceituação, visto que simples comandos já executam receitas prontas e produzem formas, sem que o processo gerador da mesma seja tornado consciente pelo executante. Imaginação criativa e lógica de conceituação são substituídas por reciclagem de formas e aplicação de receituário.

"O geômetra egípcio intuiu o círculo e o traçou na areia; o geômetra grego pensou o conceito do círculo e o desenhou; e o geômetra cibernético, num clique, imprime um círculo sem sequer pensá-lo." (Citado da dissertação.)

E nessa inconsciência utilitarista desperdiça-se a grande possibilidade que a Geometria possui de oferecer a sua lógica intrínseca e a contemplação de sua execução gráfica como fatores disciplinadores, renovadores e revitalizadores do pensamento. Esta dádiva a qual Rudolf Steiner por diversas vezes indicou.