Escola de Desenvolvimento Espiritual

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A tarefa da Escola de Ciência do Espirito é a pesquisa no âmbito do espírito, o incentivo, a coordenação, bem como a formação continuada em campos de trabalho orientados pela Antroposofia. A Escola é hoje constituída por uma seção antroposófica geral e dez seções profissionais. O fundamento do trabalho consiste nos ensinamentos espirituais que Rudolf Steiner deu para os membros da Escola no âmbito da Primeira Classe ("Aulas da Classe").

Os prerequisitos para os membros da Escola são a familiaridade com as bases da Antroposofia e uma prática meditativa no sentido da ciência espiritual antroposófica, uma disposição para o trabalho conjunto e para um engajamento na Sociedade Antroposófica bem como para representar a Antroposofia. A Escola tem sede e centro de coordenação no Goetheanum, e o trabalho se passa em todo o mundo nos contextos nos quais os membros da Escola são ativos. 

Seções

Ao lado da seção geral de Antroposofia – na qual são pesquisadas questões centrais da Antroposofia – estão seções profissionais, por meio das quais expressa-se como a Antroposofia pode "frutificar as áreas da civilização, do conhecimento, das artes etc." (Rudolf Steiner, GA 260, p. 141). Sua tarefa é a percepção de desenvolvimentos que apontam para o futuro nos contextos profissionais, a permeação espiritual das áreas profissionais e o aprofundamento espiritual da prática de vida. O desenvolvimento de um esoterismo profissional específico salienta o aspecto da Escola de Ciência do Espírito ligado à civilização. Com esse passo o esoterismo que, no entendimento tradicional, se dirige predominantemente para ocultivo e o desenvolvimento pessoais de capacidades anímico-espirituais, experimenta uma ampliação no sentido da ligação da prática espiritual com a vida e o exercício profissional diários.

(*) O nome original em alemão, Freie Hochschule für Geisteswissenschaft, literalmente "Escola Superior Livre para a Ciência do Espírito", é traduzida nesta página por Escola de Ciência do Espírito (simplesmente denominada aqui às vezes de Escola), pelas seguintes razões. 1. Na Alemanha e na Suíça a palavra Freie (o adjetivo "livre"), é usada para caracterizar uma escola como sendo independente do governo; por isso quase todas as escolas Waldorf nesses países denominam-se "Freie Waldorfschule X" (Escola Waldorf Livre X). No Brasil, não há esse costume para designar escolas e universidades que não são públicas. 2. A palavra Hochschule, literalmente Escola Superior, é usada no Brasil para designar uma faculdade, como por exemplo Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz e Escola Superior de Propaganda e Marketing. Ora, a Freie Hochschule não é uma faculdade, no sentido de exigir que seus membros sejam formados no ensino médio, não tem um exame de entrada, não fornece diplomas, não tem um currículo etc. 3. O próprio Rudolf Steiner achava que as traduções deviam adaptar-se à língua e aos costumes locais; o exemplo clássico é sua sugestão da tradução do título de seu livro fundamental Die Philosophie der Freiheit (A Filosofia da Liberdade) para o inglês como The Philosophy of Spiritual Activity. 5. Finalmente, o nome desta subseção ficou "Escola de desenvolvimento espiritual" pois muitas pessoas podem estranhar, vendo o nome dela no índice da seção Antroposofia, que possa existir uma "ciência espiritual", já que a ciência acadêmica é essencialmente materialista.

Observações

As seções da Escola de Ciência do Espírito têm sua sede central no Goetheanum, em Dornach, Suíça, onde está também a sede da Sociedade Antroposófica Geral com sua diretoria. Essas seções, introduzidas por Rudolf Steiner quando ele formou a Escola, são as seguintes. Seções de áreas profissionais: seção de matemática e de astronomia, seção de medicina, seção de ciências naturais, seção de agronomia, seção de pedagogia, seção de artes plásticas, seção de artes da fala e da música, seção de ciências humanas e seção de ciências sociais. Seções gerais, sem ligação com áreas profissionais: seção geral de Antroposofia e seção de jovens. O que há de comum às iniciativas dessas seções é a chamada Primeira Classe, em geral denominada simplesmente de Classe ou Classe I, que faz parte da Seção Geral de Antroposofia, tendo sido fundada por Rudolf Steiner em 1924. Ela consiste em 19 "aulas" (de 15/2 a 2/8/1924) e mais 7 "aulas de repetição" dadas por Steiner como um caminho de desenvolvimento interior no sentido de se adquirir, por meio de meditação individual, capacidades de percepção suprassensorial consciente. Em cada aula Steiner deu alguns versos (mantras) para serem usados na prática meditativa e explicou a estrutura dos versos e alguns de seus significados.

As seções da Escola organizam eventos sobre as respectivas áreas, dos quais participam em geral apenas membros da Escola, e coordenam pesquisas sobre elas. No Brasil, existem apenas a Seção Pedagógica, coordenada por O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. , e a Classe, não existindo as outras seções. Em alguns locais existem grupos de estudo sobre o conteúdo das aulas. Em geral as aulas são lidas uma por mês em cada local onde haja uma pessoa designada como Leitor da Classe. Recomenda-se aos membros da Classe que meditem os mantras entre as aulas. Em alguns locais existem grupos de estudo que se reúnem antes do dia da leitura de uma aula, para se discutir o conteúdo desta, especialmente os mantras.

Qualquer pessoa pode tornar-se membro da Escola (e, portanto, da Classe), desde que seja membro da Sociedade Antroposófica (Geral ou no Brasil) em geral há pelo menos 2 anos, identifique-se com os conteúdos da Antroposofia, sinta-se como seu representante e deseja fazer um caminho autodesenvolvimento espiritual. Para tornar-se membro da Classe, é necessário ser aprovado por um Leitor da Classe.

Damos abaixo um texto publicado por Rudolf Steiner sobre a Classe, no jornal Nachrichtenblatt (Folha de notícias) da Sociedade Antroposófica, em 20/4/1924..

A Escola de Ciência do Espírito

Nas palestras que serão proferidas para a Seção de Antroposofia Geral da Escola, deverá ser dada uma visão sobre a vivência do "limiar" entre o mundo sensório e o mundo suprasenssível. Para aquele que realmente procura o conhecimento do ser humano, é necessário que perceba que tudo o que a "natureza" manifesta de belo, grandioso, sublime, não consegue conduzir ao ser humano. Pois o ser humano interior, que cria no [mundo] exterior, não tem sua origem no mundo natural, mas sim no espiritual. Neste mundo não conseguem penetrar nem os sentidos, nem a razão baseada no cérebro. Quando uma pessoa quer colocar-se diante do mundo de sua origem, esses últimos devem primeiro deixar de atuar. Onde, porém, esse efeito cessa, a pessoa encontra-se primeiramente diante da incapacidade de perceber qualquer coisa. Ela olha para o meio circundante e, como se este fosse o "nada", aparece-lhe a escuridão, que lá está por causa dessa incapacidade. Esta somente pode ser vencida por habilidades de percepção espiritual, na medida em que o ser humano descubra em si forças superiores de modo a desenvolver os "sentidos do espírito", do mesmo modo como as forças físicas do organismo desenvolvem os sentidos do corpo. Isso requer uma transformação completa do íntimo do ser humano de uma forma de existência na outra. No entanto, nessa transformação o ser humano não deve perder uma forma de existência antes de atingir a outra. A transformação correta é o resultado da experiência correta no "limiar". O conhecimento do ser humano em sua essência verdadeira só é possível de um ponto de vista situado além do limiar. Quem quiser assimilar com bom senso sadio as comunicações de alguém que possui esses conhecimentos, provenientes da região além do limiar, também deve ter uma representação daquilo que o conhecedor experimentou no limiar. Pois a única maneira de ele ter condições de julgar corretamente o âmbito suprassensível, é de ele também conhecer as condições sob as quais o conhecimento desse âmbito pode ser obtido.

Só se pode dar um conteúdo às palavras com as quais são expressos os resultados da percepção suprassensorial, quando se entende pelo que o contemplador passou antes de ter o poder de cunhar tais palavras. Se isso não for compreendido, as palavras parecem significar não algo suprassensorial, mas sim sensorial. Mas com isso ocorre confusão. As palavras tornam-se enganadoras; em lugar de conhecimento ocorre ilusão.

No momento, a atuação esotérica da Escola deve ser caracterizada com estas indicações. O conteúdo será dado a membros externos de uma forma adequada, logo que o nosso trabalho relacionado ao Congresso de Natal, no Goetheanum [1923-4], estiver suficientemente adiantado, de modo que o passo correspondente possa ser dado. O que é dito aqui de forma exotérica, será desenvolvido na Escola de maneira esotérica. 

Fonte: Die Konstitution der Allgemeinen Anthroposophischen Gesellschaft und der Freien Hochschule für Geisteswissenschaft; Der Wiederaufbau des Goetheanum 1924-1925 (A constituição da Sociedade Antroposófica Geral e da Escola de Desenvolvimento Espiritual; a reconstrução do Goetheanum). Textos e comunicados, palesras e discussões de 1/1924 a 3/1925. GA 260a. Dornach: Verlag der Rudolf-Steiner-Nachlassverwaltung, 1966, pp. 202-3. Agradecemos a Luiza Lameirão a indicação deste texto.

 

Durante muitos anos as aulas da Classe não foram publicadas, e os membros dela só tinham permissão de copiar os mantras meditativos, devendo guardá-los exclusivamente para si. Em passado relativamente recente, elas foram publicadas (há várias versões, em outras línguas, na Internet). Uma tradução para o português está em processo de revisão, e também será publicada. Existe uma apostila com a tradução, ainda não revista, das aulas 1 a 7.


 

Existem livros sobre o conteúdo da Classe, como por exemplo A History of the School of Spiritual Science – The First Class, de Johannes Kiersch, Forest Row: Temple Lodge, 2006.

 

No site do Goetheanum há mais informações sobre a Escola em alemão e em inglês, com descrição dos objetivos de cada seção. Osite Anthromedia, Anthroposophy Internet Portal, contém informações sobre a Escola, em inglês.

 

Veja-se também a seção Meditação da página de aforismos, versos e textos de Rudolf Steiner.