Rudolf Lanz nasceu em Budapeste em 1915, de pais alemães. Estudou Direito em Genebra, Munique e Londres, tendo-se doutorado nessa área em Genebra aos 21 anos. Apesar de morar na Suíça por quase dez anos, não obteve a cidadania suíça pois durante seus estudos havia passado alguns períodos na Alemanha e na Inglaterra. Com a perspectiva de ter de servir o exército nazista, decidiu emigrar para o Brasil em 1938. No navio dividiu sua cabine com um antropósofo, que lhe contou sobre a Antroposofia; chegando ao Brasil, começou a participar de um grupo de estudos antroposóficos formado por europeus. Apesar de sua formação e mentalidade materialista, abraçou entusiasticamente a filosofia espiritualista de Rudolf Steiner, da qual jamais havia ouvido falar na Suíça, onde ficava a sede do movimento antroposófico.

Em 1950, com a vinda ao Brasil de Otto Julius Hartmann – professor da Universidade de Graz, Áustria, e que havia publicado bons livros de divulgação da Antroposofia –, Lanz organizou palestras públicas proferidas por esse autor, o que trouxe a Antroposofia pela primeira vez ao público brasileiro. Essa preocupação com a divulgação da cosmovisão antroposófica e de suas aplicações práticas iria marcar o resto de sua vida.

Em 1942 casou-se com Mariane Josephs, que viria a ser sua companheira nos esforços para instalar a Antroposofia e a Pedagogia Waldorf no Brasil. Juntamente com outros casais, os Lanz resolveram fundar uma escola Waldorf em São Paulo, apesar de, como os demais, não terem filhos em idade de frequentá-la. O casal Dirk e Selma Berkhout colocou à disposição uma casa no bairro de Higienópolis, e a escola iniciou seu funcionamento em 1956, com o nome sugestivo de Escola Higienópolis. Sua orientação pedagógica foi dada pelo casal alemão Karl e Ida Ulrich, que vieram especialmente para isso e permaneceram junto à escola até o início da década de 1960. Poucos anos depois de sua fundação a escola mudou-se para sua ampla sede atual, na R. Job Lane 900, em Santo Amaro; em 1976 o então presidente da Sociedade Antroposófica Geral Rudolf Grosse denominou-a Escola Rudolf Steiner de São Paulo, nome que, por circunstâncias externas, mudou posteriormente para Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo. Em 1970, Rudolf e Mariane Lanz fundaram nessa escola o Seminário Pedagógico Waldorf, atualmente Centro de Formação de Professores Waldorf, que tem formado professores nessa pedagogia para o Brasil e para a América Latina, e obteve seu reconhecimento oficial em 1997.

Em 1962 Lanz inciou um grupo de estudos de Antroposofia em português, que em 1972 resultou na constituição formal do Ramo Rudolf Steiner de São Paulo, a ser integrado na futura Sociedade Antroposófica no Brasil. Esse Ramo exerceu sua atividade na casa de Rudolf Lanz até seu falecimento em 1998; desde então, reune-se na biblioteca da Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo, tendo como coordenadora sua filha Sonia A.L. Setzer.

Em 1981 Rudolf Lanz, juntamente com Jacira Cardoso e um grupo de apoiadores – dentre eles, Pedro Schmidt, Heinz Wilda, Alcides Grandisoli e Karin Glass –, a Editora Antroposófica. Ela surgiu como evolução de um extenso trabalho de traduções do Dr. Lanz, que começaram a ser publicadas internamente sob forma de livros em 1976 no âmbito da então Escola Rudolf Steiner. Em 1994 a Editora Antroposófica abriu sua livraria na R. da Fraternidade, em São Paulo, para onde transferiu sua atividade editorial. A Editora já publicou cerca de 200 títulos. Grande parte das traduções deve-se ao imenso trabalho realizado pelo Dr. Lanz, que já em 1979, antes da existência da Editora, escreveu A Pedagogia Waldorf – caminho para um ensino mais humano, editado naquela época pela Summus Editorial e mais tarde reeditado várias vezes pela Editora Antroposófica, na qual é um best-seller. É também de sua autoria o livreto Noções Básicas de Antroposofia (Ed. Antroposófica; ver seu texto completo) que tem sido largamente utilizado como texto introdutório em cursos e lido por quem deseja ter uma ideia inicial mais abrangente dos fundamentos da Antroposofia. Além desses livros, Lanz escreveu Passeios através da História à Luz da Antroposofia, Nem Capitalismo nem Comunismo (onde expôs os fundamentos da organização social de Rudolf Steiner, a "trimembração do organismo social"), e Antroposofia, Ciência Espiritual Moderna.

Em 1982, por sua iniciativa, e com a colaboração de destacados antropósofos, foi fundada a Sociedade Antroposófica no Brasil, que Lanz presidiu até cerca de 1995.

Rudolf Lanz foi certamente o maior intelectual antropósofo do Brasil. Ao lado de sua atuação na Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo, no Centro de Formação de Professores Waldorf, na Editora Antroposófica e na presidência da Sociedade Antroposófica, proferiu inúmeras palestras públicas e cursos introdutórios sobre Antroposofia. Sua grande preocupação era como levá-la e introduzi-la ao público brasileiro, tendo sido o primeiro a atuar nesse sentido no Brasil. Devido a essa preocupação e a sua incansável capacidade de trabalho intelectual, produziu dezenas de traduções da obra de Steiner, algumas ainda não publicadas.

Agradecemos a colaboração de Sonia A.L. Setzer e de Jacira Cardoso.