Uma nova força para a Agricultura Biodinâmica

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Uma nova força para a Agricultura Biodinâmica

Marco Bertalot

Já sabemos que o modelo agrícola convencional baseado na livre concorrência e no papel do proveito próprio produz a degradação do solo e a exclusão social.

Os gastos com a recuperação das condições ecológicas, com a recuperação da saúde humana e com investimentos sociais de geração de emprego e de redistribuição de renda, deveriam ser somados aos custo dos produtos agrícolas convencionais para que pudéssemos ter uma idéia do seu verdadeiro custo.

A destruição da natureza e o sofrimento de tantos seres humanos ao nosso redor não poderiam ser entendidos como reflexo exterior daquilo que existe em nosso interior? Em nosso mundo interior “cultivamos” pensamentos, sentimentos e impulsos volitivos que movimentam as nossas ações.

O pensamento da livre concorrência na economia de mercado, por exemplo, pressupõe a idéia da sobrevivência do mais forte. Esse princípio do proveito próprio, desde Adam Smith, esta baseado na idéia de que o egoísmo acaba sendo benéfico para a economia. Desse ponto de vista, no entanto, fica difícil pensar a situação de um agricultor biodinâmico, preocupado com as questões ecológica e social: seria coerente dizer-lhe para lutar pelo seu espaço nesse mercado privilegiado? Para fazer isso ele estará sendo submetido à pressão da concorrência. Cuidar da terra terá que ficar em segundo ou terceiro plano.

Fica evidente que o produtor biodinâmico precisa de condições mínimas que lhe permitam produzir sob critérios ecológicos e sociais. E essas  condições mínimas só podem ser oferecidas por acordos como os comerciantes e consumidores de seus produtos.

Um exemplo prático e simples, que já vem acontecendo em várias partes do mundo, é o compromisso de compra, por exemplo, de uma sacola semanal de verduras a um certo preço. O fato de poder contar com a venda regular dos seus produtos já dá ao produtor condições para concentrar-se mais na sua verdadeira missão, que é a de produzir alimentos saudáveis cuidando da natureza.

Preços, quantidade e qualidade, principalmente no campo da agricultura, não podem ser deixados ao acaso do mercado, devem ser objeto de diálogo entre produtores, comerciantes e consumidores. Eis aí um campo fértil para arregaçarmos as mangas!

FONTE: Guia Chão & Gente, junho 2000. Uma publicação do Instituo Elo de Economia Associativa – Caixa Postal 321, CEP: 18603-970, Botucatu – SP, fone/fax: 14-6821-1739, O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. www.elo.org.br

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