Guardião da floresta
Guardião da floresta
O suíço Gerard Bannwart retornou para a agricultura porque viu num reflorestamento de pinus a chance de implantar um projeto sustentável
Texto: Janice Kiss
Gerard Bannwart passou boa parte da vida acreditando que a agricultura era um castigo. Desde pequeno se deu conta da peleja do pai para conservar uma plantação de café em Avaré, a 236 quilômetros de São Paulo. Mas não foi só isso. Ele sempre soube de cor e salteado a trajetória dos Bannwart, que saíram de um dos cantões da Suíça depauperada no século 19 em busca de terras no Brasil. Se instalaram nos cafezais de Jundiaí, SP, amealharam alguns hectares até que a avó resolveu fazer o caminho de volta a fim de educar os filhos. Foi lá que Gerard nasceu, porém desembarcou por aqui aos quatro anos de idade quando o pai se decepcionou com a medicina e resgatou a profissão de agricultor presente em muitas gerações da família.
A perseguição pela terra e por sua manutenção fizeram com que esse senhor de 70 anos, alto e parrudo, se enfastiasse da lida de produtor. E por mais de 20 anos, Bannwart mudou seus planos: trabalhou com comércio, comprou e vendeu ações na Bolsa de Valores, foi e voltou de seu país inúmeras vezes. Mas de certa forma regressou para o mesmo lugar. Ou para bem perto dele. Há duas décadas ele comprou a Fazenda Barreiro, em Buri (a 100 quilômetros de Avaré), e nela resolveu fazer uso dos mil hectares de reflorestamento de pinus implantado por uma empresa da região. "Havia uma sensação permanente de que havia desviado do meu caminho", diz. Com a floresta mudou o rumo da vida e, a partir dela, aprendeu a fazer uma colheita generosa. Os quatro mil metros cúbicos de madeira exportados por mês para os Estados Unidos, que lhe rendem dois milhões de dólares anuais, são fruto de um constante desbaste e de nenhum plantio. O método consiste em retirar um terço das árvores, serrando-lhe apenas os galhos, cortando as mais fracas, as bifurcadas ou aquelas que se formam com menos de seis centímetros de diâmetro. "Pomos a mão somente no descarte feito pela própria natureza", explica.
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